quarta-feira, 2 de maio de 2012


Coral da Rocinha cantando com Roger Waters no show realizado recentemente no Rio de Janeiro, no momento em que é tocada Another Brick in the Wall. Com um monstro gigante que se movimenta no palco, nesta mega produção, não consegui entender muito bem qual foi de fato a importância da presença do coral, que, diga-se de passagem, fez uma participação muito pequena que começa por volta do minuto 7 do vídeo.

O ensino de canto coral para jovens de baixa renda significa um ataque ao sistema educacional repressor, autoritário e alienante? Foi essa a "mensagem"?

http://youtu.be/6Ee1H-7M7ns

12 comentários:

  1. Nada tão específico assim...é mais uma mensagem enraizada para os jovens recém-formadores de opinião... Aliás, com a devida vênia, QUE SHOW (só faltou o Gilmour)!

    Bjs

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  2. A gravação original possui um "coral" de crianças cantando em uníssono uma melodia quase falada de tão monótona; no entanto, a mensagem da letra é mais representativa do que a beleza da melodia nesse caso específico. O Roger Waters está viajando com uma turnê comemorativa de 32 anos de lançamento do álbum The Wall e de 30 anos do filme homônimo, em cada cidade é escolhido um coral de crianças para participar. Várias são as interpretações acerca da mensagem contida na letra, mas a mais superficial se funda numa crítica a um sistema educacional que não visa transformar o aluno em um cidadão pensante e questionador, mas sim em apenas mais um numa sociedade que deveria ser plural.

    Pra mim não tem nada a ver com o ensino de canto coral, mas com a educação em si. O coro é só uma imagem, uma maneira de inserir a "voz" das crianças, de se reforçar a mensagem que o autor quer passar. Poderia até mesmo ser compreendido como parte do arranjo, do ponto de vista estritamente musical.

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  3. O Roger Waters tentou fazer desse show uma revendicação contra o estado tipo "big brother", e sobretudo uma denúncia dos horrores da guerra, coisa que a gente esqueceu bem rapido depois da segunda guerra. Daí a saber se os espectadores estão la para ouvir essa mensagem, não sei, eu acho que na maior parte não. Não obstante, vi um esforço real do cantor na produção do show a levar questionamentos sobre o estado, o sistémo capitalisto e a sua violência inherente. O ponto fraco do seu projeto é, obviamente, que essa produção como seu tamanho e preço enorme, faz bem parte do dito sistema. Mas seria que fazer um show bom, com recursos enorme, inválida o mensagem? Se eu coloca essa questão no contexto brasileiro dos início do século passado, seria que não é permitido sambar ouvindo a canção "Urubu", por cause que o mensagem é uma crítica séria ? Tem que se sentar e chorar ?

    Sobre o canto coral, concordo partialmente com "Anônimo". O estilo para mim não faz referência o canto coral polifónico dito "classíco". O film é bem legal nisso porque monstra essas crianças depois se revoltando de verdade contra a escola. Vejo também nessas crianças cantando na cena um kitsh da pior espeça. Quem não se emociona ver crianças cantando um mensagem de revolta, cheia de esperança ? Afinal, um lado positívo é que indepentemente da mensagem, do símbolo e mais, isso foi provalmente uma experiência emocionante e valorisante para essas criânças.

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  4. Não sei qual foi a crise do Roger Waters na época anterior ao The Wall, porém se for o universo supercificial do mainstream artístico, não sei como ele ainda não tacou a televisão tela plana pela plana pela janela, não cortou os cabelos do corpo e não se filou ao partido da Marine le Pen.

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  5. Roger Walters é um maconheiro descerebrado que não tem a menor consciência da realidade tupiniquim pós-contemporânea tropicalista. Não vejo motivos para se tentar entender a significância de um show vendido ao imundo sistema capitalista feroz e anti universal.

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  6. Não sei, Caio. The Wall é uma obra bem autobiográfica, da qual os outros membros de Pink Floyd agora se recusam autoria das letras. O pai dele morreu quando era criança, etc, etc. Não sei se da pra ver uma reação ao universo do mainstream. Vejo aqui uma crise de personalidade, um afastamento da realidade exterior na sua integralidade.


    Anônimo : porque você esta exigindo dela que ele conhece essa realidade ? Ele deveria conhecer cada problemática de cada coral que participou ? Ao final, vc deveria se perguntar QUEM escolheu esse cora. Acho dificil acreditar que foi ele... provalmente um brasileiro que acho que isso iria salvar esses crianças.

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  7. O ensino de canto coral para jovens de baixa renda significa um ataque ao sistema educacional repressor, autoritário e alienante? Foi essa a "mensagem"?

    Julia, creio que o ensino de canto coral para jovens de baixa renda possa ter prós e contras, coisas positivas e negativas. Alguns estudos apontam que o estudo e/ou prática de música tem funções neurológicas muito positivas, trabalhando na concentração do indivíduo por exemplo. Os mesmos estudos afirmam que a música pode ser usada também de forma terapêutica, em doentes com doenças degenerativas, apresentando bons resultados, então vejo com bons olhos para esses jovens, uma oportunidade como essa, desde que os mesmos estejam dispostos a essa atividade. Não creio que essa prática tenha a finalidade de atacar o sistema educacional, ou pelo menos não todos que a exercem. Há diversos projetos dessa natureza, realizados por pessoas com diferentes intenções,idéis, personalidade, caráter, então acho que não seria muito válido para mim generalizar a verdadeira intenção de cada um. Os motivos usados são praticamente sempre os mesmos: algo do tipo " Afastar os jovens da criminalidade, inclusão social" e coisas do tipo. Há aproveitadores, naturalmente, como há pessoas que estejam bem intencionadas, e terceiros que fazem para ganhar a vida também, questão de necessidade. A utilização do referido coral nessa ocasião específica me remete a refletir sobre as intenções do Walters, e sinceramente fico um pouco em cima do muro por 2 questões. A primeira é que a música realmente tem esse coral e talvez para ele o show não ficasse bom o suficiente sem o coro. A segunda é que ele optou pelo coral da rocinha, o que achei um tanto clássico para essa intenção de se mostrar um cara com consciencia social e principalmente o que reina na personalidade da maioria dos artistas famosos que "ajudam" num projeto assim, o ego, a imagem, querer botar no jornal que os humanos são iguais e que eles são caridosos. Creio que há quem o faça com boa intenção, e para mim quem faz com o sentido de doação não precisa mostrar para ninguém, e talvez o reconhecimento da mídia, se existir, não tem participação da pessoa em questão. Dificil chegar a uma conclusão final, e naturalmente estou tratando da minha opinião, que pode não corresponder com a verdade. Com os elementos dados, e uso de raciocínio X, assim eu entendi. Parabéns por mais um bom post, que nos leva a refletir sobre situações que as vezes são meio ignoradas.

    Giuseppe

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  8. Não acho que o coro seja só uma imagem. Acho que tudo tem significado em dado contexto. A participação de crianças, que provavelmente não são familiarizadas com a língua inglesa, nem com o trabalho artístico em questão e ainda fazem uma participação relâmpago, me mostra o oposto da mensagem (ou uma das mensagens) da música. Parece-me um grupo alienado ao contexto em que está atuando, sendo que neste próprio contexto está sendo proferida a mensagem de não alienação de crianças e jovens. Imagino que o mesmo pode ter acontecido em outros países que receberam a turnê.
    Concordo que uma produção com muitos recursos não invalida a mensagem que está sendo trabalhada, mas tenho minhas dúvidas se foi de fato uma experiência importante para as crianças por causa do que disse acima.
    Acho importante, sim, a gente tentar entender os significados, pra não ignorar certas realidades que às vezes não conseguimos perceber por causa de muitas fantasias incutidas, principalmente quando se trata dos trabalhos chamados artísticos.
    Se Roger Waters teve ou não participação na escolha do coral, também não sei (gostaria de saber), mas, de qualquer forma, para mim, prevaleceu a imagem de uma participação alienada (comum em megaproduções), simulando a aderência acrítica de crianças brasileiras da favela a uma linguagem “americanizada” e ainda parecendo ser mais uma manifestação de “ajuda” (mesmo que no sentido de proporcionar uma experiência) a certas crianças, a partir de estigmas e preconceitos associados às mesmas.

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  9. Para mim é algo muito mais simples do que se está procurando estabelecer. O Roger Waters tem um compromisso com a sua música e com a mensagem que quer passar para os seus fãs e não para com as crianças que nem sonhavam em nascer quando essa música fora composta. Não vejo tampouco a alienação dos componentes do coro ou a tentativa de se vincular uma imagem de preocupação social com as crianças em si, mas sim uma relação de troca. As crianças tem a oportunidade de vivenciar uma experiência diferenciada de subir num palco e cantar (ou dublar!) para um público enorme, e o Roger as utiliza como mais um elemento de composição no seu show. Ponto. Não consigo enxergar todas essas entrelinhas. Nem sou fã de Pink Floyd, então falo com uma certa independência; o cara não precisa desse tipo de autopromoção. O emprego do coro não reverberou na mídia absurdamente, a ponto de promovê-lo. Para se alcançar esse tipo de fim é muito mais fácil fazer como o Bono, criar um Live Aid para as criancinhas aidéticas na África, e fazer uma publicidade massiva sobre o evento.
    Em concorrência, não vejo um processo de "americanização", até porque ele é inglês (hehe). Qual o problema do cara vir aqui e cantar sua música? Qual o problema das crianças cantarem também em inglês? Não discuto que existam ao longo da história inúmeros processos de imposição cultural, mas o pensamento de que todas as manifestações culturais, além do que seja genuinamente "brasileiro", possuem mensagens subliminares de dominação cultural, revela, ao meu ver, um etnocentrismo focado em nossa própria cultura, que por excelência surge do choque cultural e da miscigenação de povos e tradições; sob os quais residem sua majestade.

    Guto Queiroga

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  10. Sim, quando usei a palavra "americanizada", não me referia ao país de origem dele, mas à uma estética comum em eventos organizados principalmente por produtores, empresários e artistas americanos. E, como você bem observou, a ideia de "genuinamente brasileiro", ou "genuinamente qualquer outro", não procede, já que a troca cultural, ou de experiências é uma condição da existência humana. Mas, na verdade, não era isso a que me referia; a questão não está na origem de Roger Waters, na sua música, ou na língua inglesa e sim na maneira como estes elementos "entraram em cena", envolvendo as crianças do coral, o que ainda por cima foi, a meu ver, incoerente com o conteúdo da música "Another Brick in the Wall".

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  11. SÓ PRA SE PENSAR: EU FUI AO SHOW DO ROGER WATERS QUE TEVE AQUI NO RIO HÁ UNS 5 ANOS E O CORAL INFANTIL QUE CANTOU COM ELE FOI O DA EM-UFJ (ALGUNS SELECIONADOS PELA ZEZÉ DO SEU CORO INFANTIL). SE NÃO ME ENGANO ESSA MÚSICA FOI GRAVADA COM UM CORO INFANTIL, E AO CHEGAR AO BRASIL ELE ESCOLHEU UM CORO LOCAL (ELE NÃO SUA PRODUÇÃO), ALGUM PROVAVELMENTE QUE TIVESSE FÁCIL ACESSO. ACHO QUE ESSA MÚSICA INCLUI CRIANÇAS COM UMA "MENSAGEM" DELAS SEREM A 'ESPERANÇA". AGORA SE TRATANDO AINDA DAQUELAS DE BAIXA RENDA ACHO QUE ESSA MENSAGEM SE POTENCIALIZA. E MAIS DEVEM TER ACHADO QUE ESTAVAM FAZENDO UMA ESPÉCIE DE "BOA AÇÃO" POR CHAMAREM AQUELES QUE NÃO TERIAM "ESSA OPORTUNIDADE" NA VIDA.

    TVZ QUISESSEM DIALOGAR COM A "REALIDADE" DO BRASIL, ESSA BEM DIVULGADA PELA MÍDIA, DE QUE SE APOSTARMOS NOS TALENTOS DAS NOSSAS CRIANÇAS (POBRES) TEREMOS UM FUTURO MELHOR ATRAVÉS DA ARTE. NO ENTANTO, UMA OU OUTRA QUE CONSEGUE NÃO REVERTER UMA REALIDADE, MAS SE INTRODUZIR À CLASSE MÉDIA E CONTINUAR REPRODUZINDO O MESMO MODELO. (FALANDO DE UMA MANEIRA BEM GENERALISTA, POR ACHAR QUE A "MENSAGEM" SEJA POR ESSE VIÉS)

    AH SEM ESQUECER DA PROPAGANDA QUE O PRÓPRIO ROGER WATERS GANHA EM CIMA DISSO, COMO PESSOA MANEIRA, QUE NOS AJUDOU ETC

    PRISCILLA PARAISO PESSOA

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